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Missão internacional ao Japão gera aprendizado para logística brasileira

Beto Zampini, CEO da Imediato Nexway, foi um dos participantes da “Missão Internacional do Transporte – Japão 2025”, organizada pelo Sistema Transporte, formado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), SEST SENAT e ITL, que levou executivos, autoridades e especialistas brasileiros para Kyoto e Osaka.

Os participantes do seminário realizado em Osaka, no Pavilhão Brasil

O grupo participou de visitas técnicas, palestras e debates sobre gestão, tecnologia, sustentabilidade e integração de modais, com o objetivo de conhecer práticas japonesas e discutir soluções para o transporte e a logística no Brasil. O evento foi uma parceria com o IMD, International Institute for Management Development, uma das mais renomadas escolas de negócios do mundo, com sede em Lausanne, Suíça, que há mais de 75 anos desenvolve programas de capacitação para líderes empresariais e gestores de diversos setores.

A seguir, o CEO Beto Zampini conta nesta entrevista como foi a experiência:

Como você avalia a “Missão Internacional do Transporte” promovida pelo Sistema Transporte para o setor logístico brasileiro?
A missão ampliou a visão sobre tendências globais e conectou com avançados exemplos de inovação, sustentabilidade e gestão. O protagonismo do Sistema CNT, SEST SENAT e ITL foi essencial para articular essa imersão, reunindo empresas, autoridades e especialistas em um ambiente de aprendizado e troca de experiências.

 

Qual a primeira impressão que a viagem deixou?
Entre as situações mais marcantes estão a integração dos modais de transporte, o uso intensivo de tecnologia, a disciplina dos processos japoneses e a cultura da melhoria contínua. As visitas técnicas à Expo 2025 Osaka e aos sistemas de mobilidade urbana mostraram soluções práticas que podemos adaptar à realidade brasileira.

Durante o seminário em Osaka você fez referência ao aspecto eclético da Missão. Como isso se refletiu na experiência?
A participação de ministros, senadores, dirigentes do Sistema CNT, SEST SENAT e ITL e líderes empresariais fortaleceu o diálogo institucional e aproximou o setor privado das discussões sobre políticas públicas. Essa proximidade facilita a construção de agendas alinhadas às necessidades reais do setor, além de abrir portas para futuras parcerias e projetos conjuntos.

Como CEO, qual sua avaliação da Missão?
Voltei com visão ampliada sobre tecnologia, gestão, valores culturais. Foi um grande momento de aprendizado e inspiração para reforçar práticas de excelência.

Vander Costa, Presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT)

Que oportunidades de networking e colaboração surgiram durante a missão?
A missão proporcionou um ambiente rico para networking, tanto com empresários brasileiros quanto com executivos e especialistas internacionais. Estabelecemos contatos que podem gerar parcerias estratégicas, especialmente em áreas como tecnologia, sustentabilidade e integração de modais.

Como as práticas japonesas de eficiência e sustentabilidade podem ser aplicadas no Brasil?
O Japão é referência em logística limpa, com frotas elétricas e híbridas, uso de biocombustíveis e logística reversa. Essas práticas, aliadas à automação e à análise de dados, podem ser adaptadas ao nosso contexto para reduzir custos, aumentar a eficiência e melhorar a reputação das empresas brasileiras.

Houve discussões relevantes sobre políticas públicas e integração de modais durante a missão?
Sim, tivemos debates importantes sobre transição energética, integração de modais e transformação digital.  A participação na jornada do Sistema CNT e do governo brasileiro foi fundamental para alinhar expectativas e identificar oportunidades de cooperação entre Brasil e Japão.

O que mais chamou sua atenção nos sistemas de mobilidade urbana inteligente do Japão?
A integração entre diferentes modais de transporte e o uso intensivo de tecnologia para garantir eficiência e pontualidade são impressionantes. O sistema metroviário de Osaka é referência mundial e mostra que, com investimento e colaboração, é possível transformar o transporte rodoviário brasileiro.

Que valores da cultura japonesa você destacaria?
Disciplina, respeito mútuo e compromisso com a melhoria contínua. São valores fundamentais que observei em todas as empresas visitadas e que nós sempre cultivamos no dia a dia de nossa empresa, desde sua fundação, há 48 anos. Fortalece a cultura organizacional.

A Expo Osaka 2025 é reconhecida como uma das exposições mais importantes do mundo, em inovação, tecnologia e transporte

Como a missão fortaleceu o relacionamento institucional da Imediato Nexway?
A participação em eventos oficiais e o contato direto com autoridades e lideranças setoriais fortaleceram o posicionamento institucional da empresa, abrindo portas para futuras parcerias e projetos conjuntos.

Que desafios do setor logístico brasileiro ficaram mais evidentes ao comparar com o Japão?
A infraestrutura e a integração de modais ainda são grandes desafios no Brasil. No entanto, temos um mercado dinâmico e aberto à inovação, o que nos permite liderar a transformação digital e sustentável do setor.

Como você enxerga o caminho da Imediato Nexway na transição para uma logística mais verde?
Vejo a logística e o transporte do Brasil como protagonistas nesse movimento, investindo em tecnologia limpa, processos mais eficientes e incentivando parceiros e clientes a seguir essa tendência. Em relação aos pilares ESG, estamos avançando em três frentes: ambiental, com redução de emissões e uso de energias limpas; social, com programas de capacitação e bem-estar dos colaboradores; e governança, com transparência e ética em todos os processos.

Entre benefícios e oportunidades, qual seria um resumo?
A missão deixou claro que precisamos acelerar a adoção de tecnologias limpas, integração de modais e digitalização. O futuro do transporte rodoviário brasileiro passa por inovação, sustentabilidade e colaboração entre setor público e privado. A digitalização, com inteligência artificial, IoT e análise de dados, permite operações mais inteligentes, ágeis e transparentes, reduzindo custos, aumentando a eficiência energética e melhorando a tomada de decisão em tempo real, além de contribuir para a sustentabilidade. Entre as tendências que já podemos implementar estão o uso de inteligência artificial para roteirização dinâmica, automação em armazéns com robôs colaborativos e a digitalização de processos, trazendo ganhos imediatos de eficiência e redução de custos.

Ao falar de sustentabilidade, no seminário de Osaka, você disse que antes no Brasil teria de ser feita uma lição de casa…
Sustentabilidade foi um tema central, com destaque para frotas elétricas e híbridas, uso de biocombustíveis e logística reversa. Essas soluções, além de reduzir a pegada de carbono, melhoram a reputação das empresas e atraem clientes atentos às questões ambientais. Mas é importante ressaltar que, além da sustentabilidade, o Brasil precisa fazer uma lição de casa: investir em infraestrutura, buscar a integração entre os modais e combater a ociosidade da frota — hoje, ainda temos de 30% a 40% dos caminhões rodando vazios, o que não gera receita e aumenta a emissão de poluentes. Reduzir essa ociosidade é fundamental para tornar o setor mais eficiente e sustentável.

O Brasil tem potencial para ser referência global em logística sustentável. A Missão Internacional do Transporte – Japão 2025 mostrou que, com planejamento, investimento e colaboração entre empresas e governo, é possível transformar desafios em oportunidades e elevar o setor a um novo patamar de excelência

Entre os participantes da missão, estavam: Senador Eduardo Gomes (Vice-presidente do Senado Federal), Senador Veneziano Vital do Rêgo, Ministro Vital do Rêgo (Presidente do Tribunal de Contas da União), Denis Andia (Secretário Nacional de Mobilidade do Ministério das Cidades), Vander Costa (Presidente do Sistema Transporte/CNT), Ana Paula Repezza (Diretora de Negócios da Apex Brasil), além de líderes empresariais como Beto Zampini, CEO da Imediato Nexway e Vice-presidente de Operadores Logísticos da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Roberto Braun (Diretor de Comunicação e Presidente da Fundação Toyota), Vinicius di Nucci Pereira (Head of Zero Emission da Embraer), Ana Carolina Dias Medeiros de Souza (Presidente da Taguatur) e Edson Goto (Diretor do Sindipeças), entre outros executivos do setor de transporte e logística.

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